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Acordei e não percebi,era sua luz que me cobria mas também os seus fluídos de dor e de punição.Parecia um sonho,quando na verdade era um pesadelo contado por alguém que me observara de longe.Minha morte e partida.Olhei meu corpo na pedra que todos os mortos ficavam.Era o tal assombroso necrotério.Uma sensação de pânico e vontade de descobrir o que fazia ali sozinha.Não tinha percebido meu falecimento ainda até que andando pelo macabro hospital,vi meus amigos chorando,desesperados...Então eu notei que eu era amada,sem saber.Todos ali,alguns pareciam calmos e frios mas outros faziam orações pra mim...Vi quem não queria,senti que no fundo eu tinha errado com ela.Minha mãe,entregue aos remédios não conseguia acreditar naquela cena.Eu que sempre demonstrei querer viver mais que todos,e viver melhor que todos estava ali perdida e na escuridão.Ela podia sentir a minha presença mas preferia não pensar.Sempre teve seus precentimentos.Continuei andando pelo hospital,via gente infeliz vagando,aquilo era o fim pra mim e como sair dali?Eu não fazia idéia,mesmo.Atravessei a rua,via um senhor com rosto cortado,me seguindo...o que fazer?Correr?Não.Fiquei pra ver se ele me ajudava a entender alguma coisa.Ele me disse pra procurar algum lugar pra se esconder,porque logo os ceifeiros viriam me levar pra um lugar muito terrível.Não pensei duas vezes!Estava morta,não sentia absolutamente nada,porém,em minha cabeça,eu poderia encontrar a solução.E que solução seria?Só pensava em encontrar algum lugar pra mim...E caí.Via novamente meu corpo,mas dessa vez dentro do caixão de cor escura,era tão sufocante a imagem,a vista.Todos ao redor e todos choravam,e alguns fingiam respeito,senti-me tão humilhada.E que sentimento era aquele?!Fizeram de um dia comum,a palidez e a morte estremecerem o clima.Veja,era ela,a mulher que eu amei.A primeira de todas,e consequentemente a que mais amei.Nunca tinha tido tanta certeza de sua beleza e doçura como naquele momento.Ela jogava rosinhas e pedrinhas,de óculo disfarçava sua identidade.Longos cabelos loiros,pele muito alva e anêmica.Nunca havia deixado de ser quem eu amei.Pena,que ela nunca me admitiu seu amor.Só naquele instante,e era tarde demais.Me desespero e choro...tento abraçá-la.Mas,vejo que quem a abraça é o seu marido.Juntamente estava a sua filha...Porque diante de tanta tristeza ainda sentia amor?Você era minha,e nunca me quis.Saio do cemitério,vagando...e vagando.Dói o peito,a amargura e a vontade de morrer continuava.Mesmo já estando morta!É a eternidade que vai me dar um bom castigo.Pra alguns,a morte alivia a alma mas para outros,a morte vem muito cedo.Como se roubasse de você,o direito de existir.Mas,aqui escrevo através dessa jovem.Queria ter feito mais coisas.Ter amado mais,ter errado menos.Como voltar atrás?Não tem como.Tudo cai no esquecimento,até que se evapore cada diâmetro de lembrança.Sei apenas de uma coisa.Quem me fez o mal,ainda irá pagar.E quem esteve comigo,até na hora de suplício,eu vou ajudar daqui...E se eu não for capaz,ganharei méritos com minhas boas ações.Mas.não vou deixar que meu nome caia no esquecimento.Porque eu me chamo Taianny Linker.

HORAS

William Shakespeare

SONETO LXV
Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor.

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